Confissão - Cecília Meireles
Sempre gostei de poesia (cresci lendo poemas com minha mãe), até me atrevo em escrever alguns versos, coisa que faço desde criança é verdade.
Ultimamente venho me perguntado por quê o mundo de hoje é tão estranho, as pessoas são tão mesquinhas e amedrontadas. Uma amiga outro dia comentou comigo que pessoas como eu não existem mais; que eu posso de certo modo amedrontar alguém por ser boa demais...
Não acho estranho demonstrar minha felicidade quando estou feliz então, realmente faço e não nego: distribuo flores para alguns vizinhos do prédio (pessoas que me viram crescer, com as quais tenho afinidade e respeito) então, se eu estou feliz, o que me custa dar um pouco de felicidade ao outro também?!
Contudo uma das coisas que mais me deixa mal, realmente acaba comigo é a mentira. Suporto praticamente tudo mas se mentem pra mim sinto um vazio, uma dor que realmente não consigo explicar. Mentir é algo sério; omitir pode até ser algo consolador...
Quando estou triste ou deprê nada me consola melhor que ouvir música alta, seja Radiohead, seja Coldplay ou The Beatles...tudo depende da hora, do momento. Porém, se a situação for crítica, minha amiga Lou me ajuda, indepentende dos ponteiros do relógio!
Tentando entender o mundo de hoje, resolvi reler um dos poemas que mais curto. É difícil escolher um entre tantos, Drummond, Cecília Meireles, Fernando Pessoa e outros. Posto aqui então, um poema de Cecília Meireles chamado Confissão. Para curtir e refletir.
Cecília Meireles*
Confissão
A Afonso Duarte
Na quermesse da miséria,
fiz tudo o que não devia:
se os outros se riam, ficava séria;
se ficavam sérios, me ria.
(Talvez o mundo nascesse certo;
mas depois ficou errado.
Nem longe nem perto
se encontra o culpado!)
De tanto querer ser boa,
misturei o céu com a terra,
e por uma coisa à-toa
levei meus anjos à guerra.
Aos mudos de nascimento
fui perguntar minha sorte.
E dei minha vida, momento a momento,
por coisas da morte.
Pus caleidoscópio de estrêlas,
entre cegos de ambas as vistas.
Geometrias imprevistas,
quem se inclinou para vê-las?
(Talvez o mundo nascesse certo;
mas evadiu-se o culpado.
Deixo meu coração - aberto,
à porta do céu - fechado.)
*poema retirado do livro "Antologia Poética, Cecília Meireles, terceira edição, ano 1963
Ultimamente venho me perguntado por quê o mundo de hoje é tão estranho, as pessoas são tão mesquinhas e amedrontadas. Uma amiga outro dia comentou comigo que pessoas como eu não existem mais; que eu posso de certo modo amedrontar alguém por ser boa demais...
Não acho estranho demonstrar minha felicidade quando estou feliz então, realmente faço e não nego: distribuo flores para alguns vizinhos do prédio (pessoas que me viram crescer, com as quais tenho afinidade e respeito) então, se eu estou feliz, o que me custa dar um pouco de felicidade ao outro também?!
Contudo uma das coisas que mais me deixa mal, realmente acaba comigo é a mentira. Suporto praticamente tudo mas se mentem pra mim sinto um vazio, uma dor que realmente não consigo explicar. Mentir é algo sério; omitir pode até ser algo consolador...
Quando estou triste ou deprê nada me consola melhor que ouvir música alta, seja Radiohead, seja Coldplay ou The Beatles...tudo depende da hora, do momento. Porém, se a situação for crítica, minha amiga Lou me ajuda, indepentende dos ponteiros do relógio!
Tentando entender o mundo de hoje, resolvi reler um dos poemas que mais curto. É difícil escolher um entre tantos, Drummond, Cecília Meireles, Fernando Pessoa e outros. Posto aqui então, um poema de Cecília Meireles chamado Confissão. Para curtir e refletir.
Cecília Meireles*
Confissão
A Afonso Duarte
Na quermesse da miséria,
fiz tudo o que não devia:
se os outros se riam, ficava séria;
se ficavam sérios, me ria.
(Talvez o mundo nascesse certo;
mas depois ficou errado.
Nem longe nem perto
se encontra o culpado!)
De tanto querer ser boa,
misturei o céu com a terra,
e por uma coisa à-toa
levei meus anjos à guerra.
Aos mudos de nascimento
fui perguntar minha sorte.
E dei minha vida, momento a momento,
por coisas da morte.
Pus caleidoscópio de estrêlas,
entre cegos de ambas as vistas.
Geometrias imprevistas,
quem se inclinou para vê-las?
(Talvez o mundo nascesse certo;
mas evadiu-se o culpado.
Deixo meu coração - aberto,
à porta do céu - fechado.)
*poema retirado do livro "Antologia Poética, Cecília Meireles, terceira edição, ano 1963