All things

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Voluntariado

Ser voluntário não é fácil e quase posso afirmar que não é digno de todas as pessoas. Não que elas não sejam capazes ou tenham força de vontade de encarar a situação, mas, simplesmente, por talvez, ser forte demais para que suporte.

Às vezes temos vontade de fazer algo pelo próximo, de nos tornarmos mais úteis ou simplesmente querermos não estar parados ou à toa. Aí eis que pensamos, "ah ser voluntário deve ser legal".

Voluntariado não quer dizer um "oba,oba" como muitos dos quais conheçam pensam que é. Ser voluntário é uma reunião, essencialmente falando, de cooperativismo, respeito, dedicação, união,doação e aprendizado. Poucas pessoas com as quais convivo, entre amigos, colegas e familiares seriam dignos de serem voluntários em qualquer coisa. Isto ou porquê eles não entendem o significado real do ato ou, porque imaginam ser algo simples.

Trabalhei e volta e meia, ainda estou disponível, a galera sabe disto, como ajudante em um evento no Instituto Benjamin Constant (IBC) chamado Dosvox. Não vou dizer que foi a coisa mais fácil do mundo afinal era um mundo totalmente novo - apesar do tema de minha monografia de faculdade estar relacionada com deficiência visual-, não sabia como agir, me comportar e o que dizer... sou vidente e querer ajudar um deficiente visual pode ser complicado pois, nosso linguajar cotidiano nem percebe determinados preconceitos.

Mas tudo bem faço isto desde 2000, quando os encontros ocorrem no Rio de Janeiro - neste ano, pela primeira vez não foi na cidade e sim em outro Estado, acho que Espírito Santo, se não me engano! Mas a galera sabe, precisando de um guia turístico pelo Rio de Janeiro tô aqui!!!! (Agora é engraçado ver os olhares de curiosos quando você leva um grupo de deficientes visuais pro Pão de Açúcar, por exemplo. É burburinho um atrás do outro, do tipo "o que um cego vai olhar daqui"...eta pobreza de espírito! E eu garanto, ele vai olhar melhor que cada um de nós...porque vai olhar com a alma!)

Não sou boa com datas então não posso afirmar com exatidão quando o Centro Nacional de Neurofibromatose (CNNF) entrou na minha vida. Em maio de 2002, não recordo a data, participei de uma Maratona Scully. Aí já era!

Não estava mais tão engajada nos eventos do IBC pelos mesmos serem esporádicos. Então, no meio daquela animação toda de fã de seriado, de fãs da Gillian, acabei encontrando outra coisa que me motivava tanto quanto o IBC. E por um motivo ainda mais nobre pelo fato da neurofibromatosis ser pouco conhecida...torna-se-ia quase uma missão – mas sem a obrigação de ser!

E o resultado? Felicidade plena e emoção quando você recebe um e-mail de agradecimento por ter sido simplesmente educada em responder um scrap no orkut, um e-mail particular ou qualquer tipo de manifestação (ainda tenho que aprender linguagem de sinais, alguém sabe?!).


E é neste exato momento, neste mundo insano em que vivemos, que percebo o quanto não me enganei antes e nem agora. Ser voluntário é uma das coisas que mais adoro e admiro. É um poder tão grande, uma força enorme em que não importa nada além do bem-estar e felicidade do próximo. E é assim, com momentos de humildade constante, que crescemos e nos fortalecemos pra encarar o cotidiano.

Tenho orgulho de ser voluntária, de abraçar causas que poucos talvez quisessem ou tivessem coragem de fazer. E agradeço a cada momento, o instante e as pessoas que me fizeram perceber isto, mesmo que elas jamais tenham comado consciência do quanto me ajudaram.


 
march for climate change