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quarta-feira, julho 13, 2005

London will Survive.

No dia 7 de julho de 2005 acordei - por volta das 9:30 a.m. - e estava tudo bem até o momento em que me aproximei da secretária eletrônica aqui de casa e ouvi um recado da Lou - que era das 7:30 a.m. - dizendo, brevemente que havia acontecido uma pandemônio em Londres, com diversas bombas.

Naquele exato momento minhas pernas tremeram e ficaram parecendo geléia. Tive a nítida impressão de um pular na batida do coração e sentei. Não sabia o que havia acontecido de concreto e liguei a televisão, nada...como sempre tinha desenho animado e programas de culinária. Então vim para o computador e desabei.

Em pensar que no dia anterior tudo era festa, que Londres havia sido escolhida como cidade dos jogos olímpicos de 2012 e depois de muita comemoração e alegria, a tragédia.

Todos sabem da minha imensa paixão por Londres uma cidade que ainda não conheci mas que já conquistou meu coração há anos, nem sei dizer com exatidão quando isso ocorreu. E saber assim, de manhã cedo - okay, nem tão cedo assim - que algo a tinha ferido foi desesperador.


Meu amor pelo Rio de Janeiro é tão grande quanto o de Londres e eu sofro ao estar na minha cidade e vê-la sangrando todos os dias, sofrendo uma doença que é muito mais política e insana do que culpa de um fanático. Continuo amando o Rio de maneira sem igual e sei que isto será eterno, aconteça o que acontecer mas também tenho certeza de que o que falta aqui é vontade política, vergonha na cara e o povo reivindicar mudanças urgentes. Mas cá entre nós, alguém quer isto? (o povo quer mas quem tem o poder de mudança, quer ou alguma vez o quis?!)

Outro dia, indignada uma pessoa me perguntou por quê o mundo e mais particularmente eu, estava tão aflita e triste pelo que aconteceu em Londres e não demonstrava o mesmo repúdio o que acontece todos os dias no Rio. Expliquei que aqui você mais ou menos sabe como lidar porque convive com isto...é diferente.

Mas em Londres a dor foi maior e mais profunda até porque tenho amigos residindo lá e sempre rola uma preocupação. E por mais que os ingleses estivessem esperando o ataque, como uma vez um oficial da polícia disse "sabemos que irá acontecer só não sabemos quando" e foi verbalmente punido por sua revelação, nunca se está totalmente preparado para algo assim, por mais que se pense que está.

Eis que surge então um inimigo oculto e desconhecido, alguém que por questões religiosas extremas foi capaz de matar ao próximo simplesmente porque alguém lhe disse que seria correto e belo. Uma pessoa - ou grupo de pessoas - cujo único objetivo é matar e matar, ter publicidade do seu ato louco e insano e nada mais.

Hoje, quase duas semanas após a tragédia corpos ainda estão sendo identificados, dezenas de pessoas feridas continuam internadas e os mortos, sendo homenageados pelo mundo. A dúvida e incerteza paira no ar e agora, muito mais depois que dados sobre os terroristas estão surgindo.

TERRORISTAS

A Scotland Yard e investigadores estão procurando os responsáveis pela tragédia mas algumas coisas estão aparecendo. Conforme está sendo noticiado em todos os jornais do mundo hoje, nada poderia ser tão sombrio - mesma na sombria Londres, onde o céu sempre é fechado, escuro e chuvoso - e nada poderia ser tão amedontrador também.

Terroristas ingleses, filhos de seu próprio país e perigosos, extremamente perigosos.
Jovens ingleses, entre 19 e 30 anos, moradores de Leeds - norte da Inglaterra - e todos descendentes de paquistaneses. Ou seja, não eram terroristas de fora do país, que chegaram lá e simplesmente detonaram as bombas. São pessoas que conhecem o dia-a-dia do britânico, mais precisamente dos londrinos, que sabem os pontos fracos e fortes da cidade atacada e que fizeram isto aos próprios "irmãos". A identidade de três jovens saiu hoje na imprensa britânica no jornal "The Sun" e na "Sky News", o nome do outro jovem tem sido mantido em sigilo pois ele seria menor, tendo 14 anos.


Shehzad Tanween, 22, possuía uma vida tipicamente britânica e foi estudar o Corão, no Paquistão e no Afeganistão nos últimos meses. Foi o responsável pela explosão do metrô em Aldgate.

Hasib Mir Hussain, 19, disse aos familiares que iria com amigos pra Londres no dia 7. Os familiares resolveram avisar a polícia de seu desaparecimento. Jovem rebelde, nos últimos dois anos se tornou um religioso e comportado. Documentos dele foram achados nos destroços do ônibus. A mãe do rapaz soube ontem, que foi ele quem explodiu o ônibus da linha 30.

Mohammed Sadique Khan,30 anos, casado e uma filha, ainda bebê. A família de sua esposa foi contrária ao casamento por ele não ser um muçulmano tradicionalista. Documentos achados em Edgware Road.

Maiores informações e um mapa de localização, você pode achar no site da BBC.
http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk/4679001.stm

INGLESES

Fico agora me perguntando o que deve estar se passando na mente de cada um dos ingleses. Um inimigo oculto dentro de sua própria casa pode ser mais perigoso e devastador do que uma pessoa de fora, cujos rostos podem ser conhecidos e traçados dentro dos padrões de investigação. E agora, quem pode ser o próximo insano?
Mas de uma coisa eu tenho certeza, os ingleses não se abateram com tais revelações e vão dar a volta por cima. E eu de longe, com pensamentos, estarei os apoiando sempre.

p.s: Lou, obrigada por ter me ligado naquele dia.
p.s2: Viviane, realmente nossas amigas são maravilhosas.


 
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